quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Chegamos!!!

A construção da identidade do indíviduo se dá ao longo da vida tendo em vista a chegada do terceiro ciclo, no caso a velhice, torna-se viva a ideia de reafirmação de sua própria história, a velhice coloca o sujeito próximo da mortalidade.

Durante esse semestre o encontro com o tema nos fez percebê-lo com um novo olhar. Isso mesmo, um novo olhar, onde vemos que velhice apesar de suas peculiaridades, é uma fase igual a outra, com sujeitos que passam por transformações e que vivenciam uma nova realidade.

O intuito de nosso Blog é justamente mostrar o que aprendemos, desconstruir preconceitos e dizer não só aos idosos, mas a todos: que vivam suas vidas de forma plena, agregando mais amor e afeto a suas vidas, e por quê não, uma pitada de sexualidade? Ainda acrescentamos: viva mais a sua  sexualidade e menos o seu preconceito.




Esperamos que gostem!!!


Um corpo que muda com o tempo...

Nós estamos envelhecendo constantemente…  não só mentalmente mas também fisicamente.  Se você achava que só na juventude o corpo sofria mudanças, está enganado, na velhice também. E é interessante saber sobre elas.


Aspectos Físicos da Velhice ¹ ²
A partir dos 60 anos, percebemos diversas modificações corporais, que a maior parte das vezes foram associadas a sinais de que a pessoa se tornava incapaz. Modificações corporais são um processo natural do organismo, e acontece durante toda a vida.

A sexualidade também muda... E melhora!

Todas as fases da vida sexual tem seus pontos positivos e negativos. Se apegar nas dificuldades podem afundá-lo no pessimismo e depressão. É importante conhecer suas limitações para saber compreendê-las e aceitá-las. Porém, o importante mesmo é saber que com uma atitude positiva e um espírito criativo, para todas as limitações podem ser encontradas maneiras de superá-las, com o fim de continuar crescendo e desfrutando de uma sexualidade plena.

Vantagens na mulher²

- A vagina estreita-se; isso é benéfico, porque possibilita um maior contato com o pênis durante a relação;
- Desaparecimento do temor de embaraços não desejados;
- Maior conhecimento mutuo;
- A experiência maior permite ter relações mais satisfatórias e relaxantes;
- Menor urgência de orgasmo;
- O coito não é a única forma de prazer sexual;
- Satisfação por meio de todo o seu corpo, com simples mostras de afeto e ternura;
- Menores exigências; bastam poucas relações para sentir-se satisfeita;
- A aposentadoria permite um tempo maior para dedicá-lo à sexualidade sem pressa do trabalho diário.

Vantagens no homem²

- Mais tempo para chegar ao orgasmo;
- Aumento de controle na ejaculação, com maior possibilidade de prolongar a relação e satisfazer a companheira;
- Menor urgência de orgasmo;
- Satisfação mediante momentos de ternura e afeto na relação;
- Menor freqüência para se sentir-se satisfeito;
- Maior conhecimento mutuo;
- A experiência maior permite ter relações mais relaxantes;
- Livre do esforço e das preocupações do exercício de uma profissão.

Sexualidade - Mitos e Tabus - Quebrando preconceitos...

Ao longo dos anos, alguns mitos foram  se desenvolvendo e criando fortes raízes na crendice popular. Para o melhor desenvolvimento de sua saúde sexual e o exercício pleno de sua sexualidade é importante conhecê-los, sabendo, no entanto, que nenhum deles é verdadeiro.

“Os idosos que não praticam sexo são os que tem mais saúde"


Esse é um mito falso. Na verdade, se dá justamente o contrário, fazer sexo nessa idade pode contribuir para a saúde de quem o faz. Estudos mostram que   o exercício da sexualidade é uma das atividades que contribui para a qualidade de vida do idoso3 e também traz benefícios para o idoso aproveitar uma saúde  integral². Além de que se manter sexualmente ativo na velhice, fazendo sexo com regularidade, ajuda a manter os órgãos sexuais saudáveis4. Também é visto que as vivências sexuais dão a chance de expressar sentimentos além de fornecer provas afirmativas de que se pode contar com o corpo e seu funcionamento, o que estará promovendo a emoção e alegria de se estar vivo e ainda vale ressaltar que é possível se vivenciar a sexualidade de forma saudável e prazerosa na velhice, mesmo que  em alguns casos, devido há algumas limitações físicas, seja necessária alguma adaptação5.

"A mulher tem menos necessidade de sexo do que o homem"


Para o ser humano, o sexo e a sexualidade não são somente para a reprodução. Somos seres sociáveis e a atividade sexual vem para satisfazer o desejo sexual de homens e mulheres. É algo que aumenta a intimidade e companheirismo do casal, não só do homem. Tanto o organismo do homem quanto o organismo da mulher, independentemente da idade após a puberdade, tem desejo sexual e se mantém saudável quando pode realizar este desejo6.

"O desejo e a potência sexual diminuem sensivelmente depois dos 40 anos"


O sexo na idade madura é sexo por si mesmo, prazer, liberação de tensão, comunicação, intimidade partilhada. Esta liberdade pode ser estimulante e criar um novo discernimento especialmente para aqueles que, literalmente, nunca tiveram tempo para refletir sobre si mesmos. O desejo e a potência sexual não estão relacionados com a idade, ela não dessexualiza o indivíduo. A qualidade da resposta pode até mudar para melhor, pois a experiência ajuda, e não podemos esquecer de que há modificações quantitativas e qualitativas. O homem ou a mulher só não vão apresentar respostas relacionadas a sua potência sexual se estiver presente um bloqueio físico ou psicossocial7.

"Sexualmente, a mulher é passiva e o homem é ativo"


Quando fala-se em sexualidade tem que se ter em mente que tanto é da ordem do biológico quanto do social, uma construção social em torno do sujeito que se dá ao longo da vida. Quando falamos em mulher nos remetemos à maternidade, à família, e o homem, o provedor e protetor dessa família. Todavia, na descrição desses papéis tem-se a distribuição de funções que por vezes levam as mulheres a cumprirem em definitivo determinadas funções limitantes. Dentro das relações sociais construídas as mulheres não devem estar passivas, e relação sexual faz parte dessas relações, um momento que envolve a intimidade da mulher com seu companheiro, esse momento deve estar envolto em toda forma de carinho e bem estar para ela e para ele. Ela deve viver de forma que lhe traga prazer, sem restrições e sem limitações, sendo o seu prazer o elemento norteador do seu comportamento8.

"As mulheres não se masturbam. As que se masturbam sentem-se culpadas"

Inicialmente era considerada prática exclusivamente masculina, sendo posteriormente admitido que as mulheres também a adotavam. Entretanto, elas se masturbam menos que os homens e apresentam maiores dificuldades em falar, bem como admitir essa prática. A culpa pode ocorrer tantos nos homens quanto nas mulheres, principalmente nos indivíduos que possui alguma devoção religiosa. Os católicos devotos, os protestantes e os judeus ortodoxos são masturbadores menos ativos do que os homens e mulheres não religiosos ou menos religiosos9.

"A menopausa assinala o fim da vida sexual da mulher"

Na verdade não podemos pensar em fim de vida sexual visto que ela estará sempre presente em todas as fases da vida, claro que variando de pessoa para  pessoa, e tendo suas peculiaridades. Dependendo da fase, sendo verdade que com o tempo há um certo declínio da capacidade física, podemos pensar que há um enriquecimento de outras demais instâncias e seus componentes2. A menopausa pode influenciar de forma negativa o interesse e o desejo sexual, mas é importante se ter em mente que para qualquer ser humano os fatores psicossociais podem ser de maior peso, principalmente em nossa sociedade que valoriza mais o jovem e desvalorizam as mulheres que chegaram ao final de sua fase reprodutiva10. Porém, é importante frisar que a mulher nessa fase continua a sentir prazer, seu corpo continua erótico e erotizável, não deixando de manifestar amor e sexualidade, e que outros fatores que não só declínio físico e hormonal podem estar influenciando na vida sexual nessa fase, mas também a vida conjugal, o tipo de companheiro, relações de poder, de atividade-passividade, manifestações e papéis culturais11.

“As pessoas não  devem ter prazer com o sexo,  devendo somente  procriar”

A família dever saber que o idoso não é “velho sem-vergonha” nem “pervetido” por possuir e manifestar necessidades sexuais.O mito sarcástico de velhos sem vergonha, estigmatiza as pessoas idosas que se interessam pela sexualidade, ainda continua pesando muito e não é fácil de superar. Os idosos sente-se inseguros quanto à continuidade de suas relações sexuais porque a família condena essas práticas por meio de opiniões dogmáticas e falsas crenças. Com tudo isso, acabam resignados a ocultar essa dimensão tão importante de sua personalidade por medo do ridículo ou do escândalo. Os membros da família e os anciãos devem compreender que os diversos tipos de expressão sexual que desenvolvem em sua idade são normais, convencendo-se de que o estereótipo  “demasiado velho para pensar em sexo”, e remorsos que este gerou, entram na esfera de alguns mitos cuja falsidade foi demonstrada há tempo. Os familiares e pessoas dedicadas ao cuidado dos idosos não devem considerar suas expressões sexuais como perversões, imoralidades e desvios, e muito menos pretender que signifiquem adeus à satisfação plena da sexualidade, em relação à qual tem limitações2.

Ei você tem “Direito à Sexualidade"!

Todo indivíduo tem direito de receber informação e educação adequada sobre sexualidade, além dos meios para vivê-la como pessoa. O direito da pessoa à própria sexualidade, em qualquer idade, vai se procedendo, nos últimos tempos, em uma mudança favorável na opinião pública em geral.
As dificuldades para que os idosos vivam a sexualidade são, fundamentalmente, de natureza psicológica, sócio-cultural e religiosa e não dependem, na maior parte dos casos, dos próprios idosos, é preciso alcançar os objetivos e conteúdos que propomos, com a cooperação do pessoal dos centros/casas para idosos, dos filhos, da sociedade e dos próprios idosos:
- Assumir uma nova visão integral da sexualidade que não se limita à procriação, à cópula, ao matrimônio, às manifestações heterossexuais e aos homens;
- Aceitar a sexualidade como algo que somos, que nos permite viver diferentes possibilidades de prazer, comunicação e afeto, dentro e fora do matrimônio, mediante manifestações diversas (contanto que não prejudique as pessoas) aceitas livremente, permitindo que os idosos reconheçam o direito de viver a sexualidade e desfrutar suas possibilidades;
- Erradicar as falsas crenças com uma correta informação aos idosos, a seus filhos, aos profissionais e à sociedade em geral;
- Atenuar as dificuldades que limitam a sexualidade nesse período da vida;
- Ajudá-los a descobrir as vantagens que podem encontrar, como faziam em outras etapas da vida. Eliminar as dificuldades que atingem especialmente a mulher e o homem, favorecendo a aparição de um novo modelo de sexualidade mais próprio dessa fase evolutiva;
- Educar os futuros idosos (durante as etapas anteriores da vida) em uma sexualidade liberal, positiva e criativa. Vale dizer, ensiná-los a viver a sexualidade como algo positivo, saudável e ativo, para que possam desfrutar dela e sentir-se bem.
- Criar programas orientados a obter relações sexuais positivas entre os idosos. Conversas e diálogos específicos sobre esses temas, voltados a evitar mitos, tornar liberais as condutas que estão ocorrendo efetivamente, ou as que desejam levar a cabo. Os idosos são muito receptivos a esse tipo de conversa, desde que se faça de maneira adequada. Discussões em grupo sobre diferentes temas e dificuldades sexuais. Leituras e filmes que abordem as relações sexuais de tal modo que sejam bem aceitas pelas pessoas longevas e sejam vividas como suporte de comunicação e enriquecimento interpessoal;
- Proporcionar instruções específicas para as pessoas que sofrem problemas concretos e tomam medicamentos específicos que possam afetar a sexualidade².

Fica a Dica!

Quer aprender a se cuidar melhor?
Ei cuidador, essa também serve pra você: Cuidados com o Idoso


Para refletir





Viva mais sua sexualidade e menos seus preconceitos!

Referências Bibliográficas

1Papalia DE, Olds SW, Feldman RD. (2010). Desenvolvimento Humano (Vercesi et al., trad.). 10a ed. Porto Alegre: AMGH, 2010 (Obra original publicada em 2009).
2Pascual CP. A sexualidade do idoso vista como o novo olhar. São Paulo: Edições Loyola, 2002. 165 p.
3Viana HB, Madruga, VA. SEXUALIDADE, QUALIDADE DE VIDA E ATIVIDADE FÍSICA NO ENVELHECIMENTO. Conexões: rev. da Facul. de Ed. Física da UNICAMP, 2008; 6(spec): 222-233.
4Almeida T, Lourenço ML. Amor e sexualidade na velhice: direito nem sempre respeitado.  EH, 2008; 5(1): 130-140.
5Vieira KFL. Sexualidade e qualidade de vida do idoso: desafios contemporâneos e repercussões psicossociais [Tese de doutorado]. João Pessoa: UFPB-UFRN; 2012.
6Gradim CVC, Sousa AMM, Lobo JM. A prática sexual e o envelhecimento. Cogitare Enfermagem, 2007; 12(2).
7Lopes G. Sexualidade humana. Rio de Janeiro: Medsi, 1993.
8Giffin K. Gender Violence, Sexuality and Health. Cad. Saúde Públ., 1994; 10(supplement 1): 146-155.
9Carvalho MJ. O que pensam as mulheres a respeito da masturbação:inquéritos pessoais. Revista Brasileira de sexualidade humana, 1996; 7(1).
10Nero U Del. Alterações Orgânicas no Climatério e Menopausa que Repercutem sobre a Sexualidade Feminina. Femina, 2006; 34(11).
11Valença CN,  Filho JMN,  Germano  RM. Mulher no Climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade.  Saúde Soc. São Paulo, 2010; 19(2): 273-285.